quarta-feira, 1 de abril de 2009

CD atenta contra a verdade desportiva


Há uns meses atrás Paulo Bento afirmou que o futebol português metia nojo, na altura fui um dos muitos que concordaram com o técnico sportinguista e daí para cá só tenho tido motivos para solidificar esta minha opinião. Então quando o assunto é a Comissão Disciplinar da Liga, a nojeira aumenta em proporção com a vontade e desejo de quem a lidera de assumir um protagonismo que todos dispensávamos.

Desde a afirmação de Paulo Bento, a CA brindou-nos com dois enormes escândalos: o castigo a Katsouranis na sequência de umas declarações proferidas aquando do encontro com o Nacional, onde acusava o árbitro Pedro Henriques de ter roubado o Benfica e agora o castigo hoje divulgado a Lisandro Lopez, que vai ficar um jogo na bancada (na realidade vai ficar dois porque já estava suspenso por ter visto o quinto amarelo) por ter alegadamente simulado uma grande penalidade no desafio com o Benfica realizado no Estádio do Dragão, que terminou empatado a uma bola.

O caso do grego é ridículo, porque punir um jogador dois meses depois de ter proferido umas declarações que podem não ter sido bonitas, mas que também não causaram nenhum espanto, só lembraria ao senhor Ricardo Costa.

Quanto ao argentino do FC Porto, parece-me que a estupidez foi levada ao limite, porque o lance está longe de ter uma interpretação óbvia e consensual e é um facto que existiu um braço de Yebda no corpo do avançado do FC Porto, contacto que só por má fé poderá ser negado.

Melhor do que ninguém, Pedro Proença estava em excelentes condições para avaliar o lance. Como já aqui escrevi não tenho dúvidas que o árbitro viu o contacto entre o braço do françês e o peito de Lisandro e, por isso, apontou para a marca da grande penalidade.

Errou? Muito possivelmente errou, mas é certo que no mesmo jogo, não assinalou um penálti sobre Lucho, que ao invés de se deixar cair, optou por seguir com o lance. Neste caso entendo então que Ricardo Costa deverá proceder imediatamente à atribuição de um louvor ao capitão portista, bem como despenaliza-lo da próxima vez que este tenha que ser castigado.

Além disto, lances como o de Lisandro acontecem aos «pontapés». Uns dão grande penalidade, outros nem por isso, uns dão direito a cartões, às vezes mesmo a expulsões, mas ninguém é castigado por isso. Então por que carga de água Lisandro tem que ser diferente?

A Comissão Disciplinar da Liga liderada por Ricardo Costa está a entrar por caminhos perigosos, que não só atentam contra a verdade desportiva, como abrem precedentes para outros casos. Um desses casos é o do jogador do Benfica, Di Maria, no encontro da final da Taça da Liga, que no lance mais discutido da contenda «pede» o penálti por alegada mão de Pedro Silva, que depois haveria de resultar em toda a polémica já conhecida, através da qual, certamente a CD irá aplicar duras sanções ao Sporting, sua equipa técnica e jogadores.

Mais uma vez reafirmo que este senhor e a sua CD não contribuem em nada para o bem estar do futebol em Portugal, atentando contra a verdade desportiva e prejudicando os mais variados emblemas, numa tentativa de mostrar uma isenção e credibilidade que há muito foram perdidas.

FOTO: AP

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu que eu me ri com este seu post, caro Saraiva. Com que então lances como os do penalti do Lisandro acontecem frequentemente e uns são assinalados? Com que então, acha que é um erro normal do árbitro que estava só a dois metros do lance e mesmo assim, segundo o seu relatório, conseguiu ver uma rasteira do Yebda? Acha isso normal? Talvez seja melhor, de uma vez por todas, que altere o nome do seu blgue para qualquer coisa relacionada com o FCP.

Jotas disse...

O que eu não consigo entender, é a reacção dos clubes, sempre que se aplica o regulamento como neste caso do Lizandro, e que de forma leviana, os dirigentes portistas, vêm falar em lei da física, pois os clubes são tão céleres a invocá-lo sempre que sirva os seus interesses e tão críticos, quando se aplicam aos seus jogadores. Uma pobreza franciscana a pobre e débil mentalidade dos dirigentes dos nossos clubes, afinal de contas, como disse e bem Rui Costa, não se fez mais, do que aplicar um artigo evidente e existente no Regulamento Disciplinar, então porquê tanto espanto? Bom o espanto deve-se naturalmente ao facto dos portistas estarem habituados a viverem anos a fio acima da lei e como tal impera o sentimento de intocável.

Carlos Saraiva disse...

Caro Jotas no meu entender a questão é que a CD deveria reservar-se para assuntos de importância superior e o lance de Lisandro não é um desses casos, como não era o caso das palavras de Katsouranis. Ainda para mais parece que esta CD anda como o caracol. O grego foi castigado dois meses depois de ter falado e a Lisandro acontece o mesmo. Se era para castigar, por que não fazê-lo logo na jornada seguinte ao ocorrido?
Devo recorda-lo que me lembro de o ver criticar a CD no caso de Katsouranis e de ter concordado consigo por isso, penso que não pode ter opinião diferente nesta situação.
Quantos penaltis mal assinalados já existiram? Quantos jogadores foram castigados por isso? Para terminar deixo só uma ideia: não me recordo se Yebda viu amarelo nesse lance, mas se viu, deveria ser despenalizado, pelo menos a CD mostrava coerência. E comparando Lisandro com Di Maria, não me parece muito diferente as situações, sendo certo que Lisandro tem atenuante de ter sido tocado pelo braço de Yebda.