sexta-feira, 17 de abril de 2009

Quanto tempo demora (re)construir uma equipa?


É ideia mais ou menos pacífica que, para se construir uma equipa vencedor e capaz de apresentar bom futebol, que leve à conquista de títulos e boas prestações na Europa, é necessário dar tempo a dirigentes, jogadores e técnicos.

Confesso que não discordo totalmente da ideia de que a estabilidade e a aposta continuada e sustentada num determinado projecto é meio caminho para o sucesso. Mas quanto tempo é necessário? Uns meses? Uma época? Uns anos?

A verdade é que os três grandes do futebol nacional se debatem regularmente com este problema. Porém, por motivos diferentes. O Benfica desfez na década de 90 uma equipa fortíssima, que conquistava títulos e jogava futebol, mas ainda hoje está à procura de reconstruir essa equipa. Bem sei que há quatro anos o Benfica venceu um campeonato, contudo, essa equipa liderada por Trapatoni, não representava propriamente o ideal do que se espera de um Benfica à Benfica.

Em Alvalade, depois de um período de seca que durou 18 anos, consegui-se conquistar dois títulos em três anos. Seguiu-se um período em que, devido às finanças do clube, o Sporting foi «obrigado» a fazer uma aposta séria na sua formação. Da Academia saíram vários craques como Simão, Quaresma, CR7, Moutinho entre outros, todavia e apesar de boa parte do seu actual plantel ser constituído por elementos oriundos da formação, esta ainda não é uma equipa compatível com o que se espera dos leões, para quem vencer algumas Taças menores, nunca será sinónimo de sucesso.

Depois temos o FC Porto, grande dominador do futebol nacional desde o final da década de 70. Estamos a falar de um período de quase 30 anos em que os portistas já (re)construíram várias vezes o plantel, mantendo contudo a competência para voltarem a vencer. Vou reportar-me apenas aos últimos anos e à chegada de José Mourinho. O FC porto não ganhava o Campeonato há três épocas consecutivas, facto pouco comum em 30 anos, e ocupava o quinto lugar na tabela classificativa, tendo até em risco a qualificação para as competições europeias.

Devo referir que pensei na época que estaríamos a assistir ao revolucionar do nosso futebol e que o Sporting, o tal que tinha dois títulos nesses 3 anos, se preparava para assumir o «controlo» dos nosso futebol.

No entanto, Mourinho lá conseguiu o apuramento para a Europa e no ano seguinte, com jogadores vindos de locais recônditos, baratos e de clubes como o próprio Leiria, o Setúbal e até o Benfica, devolveu aos dragões a capacidade de continuar a dominar o nosso futebol e ainda por cima com reflexos na Europa.

Então, quanto tempo demora (re)construir uma equipa? A verdade é que pode demorar apenas alguns meses, desde que haja competência para o fazer. O FC Porto tem tido essa capacidade enquanto Benfica e Sporting vão tentando, mas não conseguem.

O exemplo perfeito é a actual temporada. Depois de perder a sua ala direita com as saídas de Quaresma e Bosingwa, às quais podemos juntar a transferência de Paulo Assunção, o FC Porto ficou com a equipa desfeita. Contudo, recorreu a jogadores completamente desconhecidos e que actuavam em campeonatos menores para se voltar a erguer.

O Benfica apostou na contratação de grandes estrelas, que nada acrescentaram ao seu futebol, endividando-se para conquistae uma competição menor como a Taça da Liga e, muito provavelmente, acabar no terceiro lugar do campeonato, sem direito a Liga dos Campeões. Ano após ano as promessas são imensas, mas os resultados são poucos, contudo, quem deve ser julgado por tal facto, continua a merecer a confiança dos adeptos, que demonstram, tal como quem manda no clube, uma fraca cultura de exigência.

Já o Sporting continua amarrado à questão financeira e vai esperando que os meninos da Academia se tornem homens, para poder vencer. Mais uma vez algumas competições menores que vai vencendo, têm servido para controlar os adeptos, que tal como os rivais da Luz, sofrem do mesmo síndrome de exigência.

O Sistema e o Apito Dourado podem dar muito jeito, mas se não houver competência para construir ciclicamente boas equipas, que garantam a conquista de títulos e encaixes financeiros regulares, seria certamente muito difícil ao FC Porto manter o nível elevado a que nos habituou.

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