Todos aqueles que, no dia 25 de Abril de 1974, lutaram para instaurar em Portugal a democracia e a liberdade terão hoje ficado indignados com o que se passou nas bancadas do Estádio de Alvalade e nos acessos às mesmas.
Depois de, na passada quarta-feira, os sportinguistas terem vivido o pior dia de toda a história do seu clube, era natural que encarassem o desafio de hoje como uma forma de se fazerem ouvir e mostrarem a sua indignação. Foi o que fizeram ao exibirem várias tarjas onde, pelo que se pode ver através da televisão, não estava inscrito qualquer insulto à equipa, aos técnicos ou à direcção do emblema leonino.
Eram sobretudo palavras que mostravam o desapontamento de todos aqueles que vivem e sentem o seu clube. Talvez a faixa mais agressiva fosse aquela onde se podia ler simplesmente a palavra vergonha. Vergonha que todo e qualquer sportinguista terá sentido na passada quarta-feira. Hoje era o dia do desabafo, mas nem a isso tiveram direito aqueles que dão chama ao leão. Num acto estranho, o corpo de intervenção da PSP impediu a entrada de algumas dessas faixas em Alvalade e no início da segunda parte andou, qual PIDE, em perseguição daquelas que conseguiram entrar no interior do recinto.
Não ouve qualquer escaramuça entre o público presente pelo que a intervenção da PSP não se compreende. As faixas não eram insultuosas pelo que não deviam ter sido retiradas. E qual é a autoridade da nossa Policia para andar a perseguir quem as ostentava, quando tantas e tantas vezes falha naquela que é a sua função: garantir a segurança nos recintos desportivos.
Todos temos presente na memória as explosões dos famosos petardos, levados para o interior dos Estádios por indivíduos normalmente ligados às claques, que conseguem iludir a «apertada» revista efectuada à entrada.
O que se passou em Munique a meio da semana foi de facto vergonhoso e preocupante, mas os acontecimentos de hoje nas bancadas de Alvalade devem preocupar profundamente todos os portugueses. Num tempo em que o país vive uma profunda crise, não nos queiram tirar aquilo que, enquanto povo, mais nos orgulhamos de ter conquistado: A LIBERDADE.
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