quarta-feira, 27 de maio de 2009

Obrigado Tom Henning!


Durante toda a temporada resisti a escrever uma linha que fosse sobre o futebol praticado pelo Barcelona porque, de certa forma, tinha a esperança e o desejo que tudo terminasse no dia de hoje.

Hoje o futebol está em festa pois o Barcelona de Guardiola sagrou-se Campeão Europeu, batendo na final o Manchester, por 2-0. Tal conquista significa a imortalização daquela que é a mais espectacular equipa dos últimos 15 anos e uma das maiores de todos os tempos.

Uma vez, o jornalista da RTP, Gabriel Alves, disse que "o futebol é uma arte plástica", frase que passei anos a tentar perceber, mas hoje compreendia através da genialidade de Messi, da inteligência de Xavi e Iniesta, das movimentações repentinas de Eto'o e Henry e da classe de Piqué, que em Roma terminaram a obra-prima que foram produzindo durante toda a época.

Os seus nomes podem agora definitivamente juntar-se aos de Donatello, Da Vinci e Michelangelo.
Durante 80 minutos o Barcelona jogou como nunca e deixou de rastos um Manchester, que foi melhor nos primeiros 10, graças a um modelo de jogo cuja essência são a posse de bola, a qualidade de passe e a interpretação perfeita de todos os momentos do jogo por parte dos seus jogadores.

A grande lição que esta equipa nos dá é só uma: a melhor forma de controlar uma partida, de a vencer e de praticar bom futebol é ter a posse de bola. Dizem as estatísticas que, neste ponto, os blaugrana tiveram durante toda a temporada uma superioridade tremenda sobre os adversários. Esta noite não foi excepção.

Tudo na forma de jogar desta equipa é acerca da bola e, por isso, os seus jogadores conseguem um posicionamento ímpar dentro das quatro linhas quando estão a defender, obrigando o Manchester a colocar a bola directamente nos avançados se queria tentar chegar à baliza adversária.

No ataque, a filosofia é exactamente a mesma, a bola é o centro do jogo, é ela que corre e não o jogador que tem a sua posse, estes movimentam-se ocupando os espaços que, permitam ao mesmo tempo, manter a sua posse e criar situações de desiquilíbrio que levem ao golo.

Ao contrário da filosofia de Mourinho, onde cada jogador desempenha uma função específica, no Barcelona de Guardiola todos os jogadores interpretam todas as funções mediante as necessidades da equipa, num dado momento do jogo. Foi esta forma de pensar e interpretar o futebol, que resultou neste genial Barcelona, que dominou o Manchester, e que podia ter feito mais um ou outro golo. Foi também ela que fez com que Pujol a lateral-direito fizesse esquecer Daniel Alves e que Touré a central fizesse o mesmo relativamente a Marquez.

O Barcelona é o Campeão Europeu mais incontestável dos últimos anos e assume-se como maior equipa do mundo, bem à frente dos restantes competidores, pelo que esta sua conquista deixa qualquer adepto do bom futebol satisfeito. Porém, tal não era possível sem a colaboração de Tom Henning, o árbitro norueguês que na meia-final roubou escandalosamente quatro grandes penalidades ao Chelsea, permitindo o apuramento do Barcelona para o jogo decisivo, por isso, digo: Obrigado Tom Henning!


3 comentários:

José Lemos disse...

Carlos, concordo com o texto...E o critério editorial é todo seu, mas depois de um texto desses, um título daqueles...?

Isso é ultra-redutor para a época Europeia do Barça!

Carlos Saraiva disse...

Caro José Lemos, longe de mim ter a intenção de menosprezar tudo o que o Barcelona nos deu esta época. Esta é daquelas equipas que todos nós vamos gostar de falar aos nossos netos. No entanto, a verdade, é que sem a colaboração de Tom Henning nas meias, o Barça nunca chegaria à final, com implicações para aquilo que seria a nossa memória futura sobre os feitos desta equipa.
Daqui por 10/15/20 anos ainda se há-de falar desta equipa como algo ímpar, mas se tivesse caído nas meias seria certamente diferente.

JFC disse...

quatro penaltys? eu conto dois indiscutiveis Malouda e Pique? e um que pode ser considerado qiue e o da mao final. Os do Drogba sao puxadissimos, e so os tipos da sporttv com toda a sua parcialidade e que tentavam ver o que nao existia.