segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

As tretas da candidatura ao Mundial


As Federações de Futebol de Portugal e Espanha assinaram, nesta segunda-feira, o protocolo de candidatura conjunta aos Mundiais de 2018 e 2022. O processo está em andamento e, muito provavelmente, já nada o fará parar. A meu ver esta candidatura é um erro e está envolta numa série de tretas, que os senhores do nosso futebol e da nossa política nos andam a contar.

É falso que, uma vez que Portugal já construiu uma série de Estádios para a realização do Euro 2004, não terá que ser feito investimento nesta área. E é falso por dois motivos. Primeiro porque, segundo as exigências da Fifa, só serão considerados Estádios com capacidade para 40 mil espectadores. Ou seja, em Portugal, apenas a Luz, Alvalade e o Dragão, são hipóteses para receber partidas do Mundial. Há sempre a possibilidade de se construir mais um, ou outro Estádio, mas onde será que vão fazer mais elefantes brancos? Será que vão fazer um estádio em Bragança, na Guarda ou em Portalegre para 40000 pessoas sem qualquer uso, como fizeram no Algarve, em Leiria e Aveiro.

Isto sem esquecer que em 2018/22, os actuais Estádios já vão necessitar de alguns melhoramentos e tudo isso custará dinheiro. O nosso dinheiro. Por isso, entendo que esse investimento seria melhor empregue a desenvolver o país noutro sentido.

Por exemplo? Evitando a desertificação do interior e o consequente fecho de hospitais, escolas, e serviços de apoio do estado. Um investimento que fizesse com que a nossa agricultura não estivesse a ser entregue aos espanhóis, ou que ajudasse a melhorar o nosso sector das pescas, para que os mesmos espanhóis não invadam a nossa costa, levando o peixe que depois nós lhes vamos comprar.

Isto para não dizer que, em termos turísticos, o retorno não justificará o investimento. Com apenas três Estádios disponíveis, Portugal irá receber um baixa quantidade de jogos, o que se traduzirá, numa baixa quantidade de turistas.

Mas, como sempre, a malta não quer nada saber da crise, o que importa é que possamos afogar as mágoas durante um mês com o futebol e depois, logo se vê...


FOTO:REUTERS

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