segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ouçam Luís Filipe Vieira


O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, disse este fim-de-semana, que os jogadores passavam pouco tempo no Seixal. Regra geral, quando Vieira fala é para dizer asneira, mas as suas mais recentes palavras constituem a melhor afirmação que ouvi um dirigente desportivo dizer no nosso país nos últimos tempos.

Durante anos, foi-nos vendida a ideia de que o futebol português só daria um salto em frente, quando os principais clubes tivessem os tão badalados Centros de Treino, que dariam aos jogadores todas as condições de trabalho.

Hoje, os três grandes do nosso futebol têm ao seu dispor alguns dos melhores Centros de Treinos da Europa, mas não se verifica que tal facto tenha melhorado a qualidade do futebol que apresentam. E não melhorou, porque no futebol português se trabalha pouco.

Normalmente, os jogadores chegam aos Centros de Treino por volta das 8h30 da manhã, sendo que o treino só começa por volta das 10 horas, prolongando-se até às 13 horas, altura em que os atletas regressam a casa, para no dia seguinte cumprirem a mesma rotina.

Num cálculo simples - e talvez exagerado - os jogadores de futebol trabalham cerca de 10 horas semanais, mais o tempo dos respectivos jogos oficiais.

É manifestamente pouco. Claro que para se trabalhar bem e com qualidade, não é necessário que os atletas entrem nos Centros de Treino às 8h00 e apenas os abandonem às 19h00, com intervalo para almoço. Também é descabido pensar que, durante todo esse tempo, estivessem a ensaiar uma qualquer jogada de laboratório ou a correr desalmadamente atrás da bola.

Treinar não significa obrigatoriamente calçar as botas e correr durante horas a fio. Há muitas formas de treinar. Uma delas e pouco utilizada em Portugal, é simplesmente reunir o grupo à volta de uma televisão, onde se analisa e estuda o adversário ao pormenor, para que no Domingo, tudo saia mais fácil e a vitória fique mais perto.

Voltando ao presidente do Benfica, não só compreendo e concordo com as suas palavras, como entendo a sua preocupação, num ano em que o clube fez um esforço financeiro enorme, para dotar o grupo de trabalho das melhores condições.


FOTO:LUSA

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