quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Porque não gosto de Romagnoli


Diz a sempre acertada sabedoria popular que o «algodão não engana», porém, há certas coisas que funcionam ao contrário e no mundo do futebol, Romagnoli é um exemplo claro.

Se for feita uma sondagem para apurar os cinco melhores jogadores do Sporting, provavelmente - para não dizer de certeza - o argentino será um dos eleitos. Isto acontece porque Romagnoli é daqueles jogadores que nos faz sonhar - sobretudo os mais pequenos - que se ele conseguiu, porque não havemos nós de ter sorte também.

Na verdade, o médio dos leões é um grandioso jogador, que nunca chega de facto a sê-lo. O jogo da equipa de Paulo Bento passa quase sempre pelos seus pés, mas na maioria das vezes, Romagnoli tem um apontamento de génio - seja uma recepção esplendorosa, ou uma boa finta sobre um adversário - ao qual se segue uma acção inconsequente. Esta forma de jogar aliado ao facto de fazer dois/três bons passes/jogadas e depois desaparecer dos jogos, fazem com que não goste de Romagnoli, nem perceba como não joga Moutinho naquele lugar.

Isto, para não falar de se poder contar com os dedos de uma só mão, o número de jogos em que o «artista» esteve em campo os 90 minutos. Se um jogo tem hora e meia, porque carga de água é que um tipo que só aguenta, normalmente, 60 minutos há-de ser um grande jogador?

A juntar a todos estes factos, Romagnoli consegue ainda gerar uma enorme simpatia nos adeptos e na imprensa. Porém, como verão mais abaixo, esta é quase sempre critica em relação ao desempenho do argentino nos jogos. Não percebo!

Quando o agora jogador do Sporting começou a despontar na Argentina, Maradona escreveu o seguinte no seu livro «Eu Sou El Diego»: "O rapazito fascina-me. Faltam-lhe pernas, físico, músculos, tudo, mas sobra-lhe coragem para fintar. O resto consegue-se num ginásio". Esta descrição foi feita há alguns anos, mas continua a ser tão verdade hoje, como na altura em que D10S - que sabe muito mais disto do que eu - a fez.

Romagnoli é daquele tipo de jogadores que, se compilarmos um DVD de uma hora, com jogadas suas de 10 segundos, todos pensam que é o melhor do mundo, mas na verdade não passa de um jogador «jeitosinho», que até poderia ser um bom suplente, mas nunca titular de uma equipa como o Sporting.

E a prova está nas avaliações feitas pelos jornais aos últimos jogos de «Pipi» - que raio de nome - que passo a transcrever.

Sporting-Guimarães: Intermitente, assinale-se o sprint aos 21': não desistiu da bola e acabou por servir Liedson para o 2-0. - In Record; Assistiu Liedson para o 2-0, com um cruzamento da esquerda que deixou a defesa vimaranense fora do lance. Generoso no processo defensivo, sobretudo no primeiro tempo, esteve mais perto do seu nível. - In O Jogo; Foi, provavelmente, quem imprimiu mais velocidade no início do jogo, mas também ele depois fez gestão quanto baste. À passagem do minuto 21 ganha velocidade nos pés junto ao flanco esquerdo, deixa tudo e todos para trás e direcciona a bola com muito açúcar para os pés de Liedson fazerem o resto. O golo, pois claro. - In A Bola.

Sporting-Barcelona: Um, dois, três passes falhados, assobios em Alvalade e a partir daí nunca mais se viu o argentino, que se "escondeu" do jogo. Bem substituído (65'). - In Record; Um passe mal medido, aos 14', deu início ao desastre leonino. Não fez quase nada e saiu ao intervalo. - In O Jogo.

Sporting-Leixões: Desapareceu do jogo durante largos momentos, como sucede demasiadas vezes. Aos 19', isolado perante Beto, desperdiçou uma excelente ocasião para inaugurar o marcador e dar outro rumo ao desafio. - In Record; Dispôs da melhor oportunidade para facturar, mas, só com Beto pela frente, permitiu a defesa do guardião (19'). Procurou desequilibrar, mas nem sempre bem. - In O Jogo.

Sporting - FC Porto: Na primeira parte coseu o jogo sportinguista, ora atando à direita, ora tricotando à esquerda, sempre com critério e em progressão. Na segunda foi-se esfumando num mar de gente maior do que ele e acabou por sair porque o jogo já não estava para o seu futebol-crochet. - In Record; Bela primeira parte. Rompeu pelo centro e procurou as diagonais, ganhando a linha para tirar centros. Perdeu gás na etapa final e saiu aos 69'. - In O Jogo; Primeira fatia do jogo muito interessante, conduzindo a bola, driblando e passando como poucos mais sabem fazer neste Sporting. De quando em vez trocou posições com Moutinho e até foi na direita que desenhou os lances mais vistosos. Antes do intervalo começou a cair e seria o primeiro substituído, mesmo sem o vermelho de Caneira. - In A Bola.

Devem ter reparado, mas a palavra desaparece é comum a todas as avaliações feitas pela imprensa desportiva às várias prestações de Romagnoli nos últimos jogos do Sporting.

Percebem agora, porque não gosto de Romagnoli?

Foto: www.sjpf.pt

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