Em Portugal nasceram dois enormes talentos, que curiosamente fazem a mesmo posição e têm tudo para se assumirem no mundo do futebol, como dois dos melhores de sempre. Contudo, apenas um deles se tem conseguido impor com categoria, sendo curiosamente o que maior dificuldade deveria ter à partida.
Falo de Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma. Ambos são produto das escolas do Sporting, onde chegaram ainda em tenra idade à equipa principal, dando rapidamente nas vistas e convencendo dois dos melhores clubes do Mundo a apostar nas suas capacidades. Ronaldo seguiu para Inglaterra para brilhar no Manchester, Quaresma foi para o Barcelona de Espanha, onde nunca se conseguiu impor.
Cristiano é o reflexo do trabalho. Claro que tem um enorme talento, pois sem ele, de nada valeria o trabalho, mas se não fosse a sua predisposição para treinar e aprender, não tenho dúvidas que não passaria de um bom jogador.
O jogador do Manchester é dono de uma enorme velocidade, capacidade de movimentação e visão de jogo, mas falta-lhe o que normalmente sobra aos génios: capacidade de improvisação. As suas fintas na maioria das vezes são inconsequentes, limitando-se a «bailar» em frente do adversário, sem que isso traga algo de produtivo à jogada ou à equipa. Mas quando arranca, embalado em velocidade é difícil travá-lo, e o lance termina muitas vezes em golo e na maioria delas numa situação de perigo. Sabe mexer-se e fugir da linha para aparecer na zona do ponta-de-lança, onde faz uso de uma capacidade finalizadora de fazer inveja a muitos goleadores.
Porém, tudo isto é «apenas» o reflexo da sua enorme dedicação e ambição. Ronaldo meteu na cabeça que queria ser o melhor do mundo, pois não nasceu com capacidades inatas para o conseguir.
Quaresma é precisamente o aposto. É um verdadeiro génio, com uma capacidade tremenda para transformar um lance completamente inofensivo num hino ao futebol. É dono de um dos melhores pés direitos de sempre, tem uma técnica fabulosa e num passe de mágica consegue, sozinho, ultrapassar a mais organizada e eficiente das defesas. Tem potencial para ser melhor que Ronaldo, mas teima em desperdiçar o que poderia - talvez ainda possa - ser uma carreira gloriosa, marcando o seu nome no quadro de notáveis do futebol. Isto acontece porque, ao contrário de Ronaldo, Quaresma não tem qualquer predisposição para o trabalho, sem o qual nada se consegue, seja qual for a actividade.
Resultado? Ronaldo é o melhor jogador do mundo, tendo vencido recentemente a Bola de Ouro, e brilha no Manchester onde se transforma a cada ano, numa lenda viva do clube Inglês. Já Quaresma não convenceu em Barcelona, renasceu no FC Porto - mas num campeonato infimamente pequeno comparado com as potências europeias - e ameaça desaparecer em Itália, ao serviço do Inter de Milão, onde foi hoje agraciado com o «Bidão de Ouro» 2008, prémio atribuído anualmente pelo programa radiofónico Catersport, da Rai Radio 2, à grande desilusão do Calcio.
3 comentários:
Julgo que a maior diferença tem a ver com a capacidade psicológica de cada um, Ronaldo é forte mentalmente, ambicioso e que procura sempre cada vez mais e melhor, já Quaresma, tem tudo para ser um jogador de top, menos o mais importante, a falta de capacidade mental, é narcisista, pouco inteligente na forma como aborda o futebol e não tem a fibra dos campeões, ou seja, falta-lhe a ambição aliada a humildade
Jotas concordo, basicamente o Quaresma é um nabo! Isso é o que mais me irrita nele!
presumo que o sentimento que me assombra relativamente a jogadores do tipo Quaresma é o mesmo que atinge todos que apreciam futebol e desejavam ter sido jogadores de futebol de um nivel elevado.
há jogadores que têm tudo para serem craques e desperdiçam de uma maneira que provavelmente só vão sentir pena quando estiverem a terminar a carreira.
Quantos outros jogadores medianos gostariam de ter aquele extra de talento e improviso que só craques têm, e o aliavam a uma capacidade tremenda de trabalho, humildade e dedicação para serem os melhores do mundo naquilo que melhor fazem e mais gostam.
neste capítulo, o nosso Dani, foi para mim uma surpresa e exemplo... era muito bom no que fazia, sem apreciar a carreira que estava a fazer, pelo que desistiu de ser futebolista.
Quanto ao Quaresma para mim é um caso perdido... já o era no Porto, é um jogador que estava a mais no nosso clube e que trazia para a equipa muito menos do que prejudicava. Vai ser uma das carreiras mais fracassadas de sempre do nosso futebol, se não levantar a cabeça urgentemente.
Ele deve julgar que é um Maradona! Mas mesmo o Maradona tería algumas dificuldades acrescidas neste futebol muito táctico e atlético!
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